quarta-feira, 1 de junho de 2011

No Silêncio dos Jardins

se um dia regressares, a terra estremecerá na memória de tua ausência. e a água formará um vasto oceano no outro lado do teu olhar.
regressarás, talvez, quando o ar se tornar rubro em redor do meu sono - e o lume das horas, a pouco e pouco, saciar a boca que clama pelo teu nome.
encontrar-nos-emos nas imagens deste jardim de afectos e ódios. porque os jardins são labirínticas arquitecturas mentais, onde podemos resguardar os corpos de qualquer voragem do tempo.
por isso, enquanto não regressas, construo jardins de areia e cinza, jardins de água e fogo, jardins de répteis e de ervas aromáticas, jardins de minerais e de cassiopeias - mas todos abandono à invasão do tempo e da melancolia.
mas se um dia regressares, passeia-te por dentro do meu corpo. descobrirás o segredo deste jardim interior - cuja obscuridade e penumbras guardaram intacto o nocturno coração.

[Al Berto]

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